O jornal O Tempo teve acesso a mensagens inéditas do aplicativo WhatsApp que mostram a intimação pela Justiça, em janeiro, do prefeito Wanderly Leite, o seu primo, Kiko Miranda, a esposa deste, Rosângela de Cassia, e o cupincha Paulo Nunes Campelo, para que todos eles apresentassem, no prazo de 30 dias, contestação no processo em que são acusados de desvio de dinheiro público da Prefeitura de Aguiarnópolis-TO e enriquecimento ilícito/improbidade administrativa.
Na ação, o Ministério Público afirma que o prefeito Wanderly teve ‘papel central no esquema fraudulento que beneficiaria parentes e associados próximos’ e de estruturar e manter, por anos, ‘verdadeira rede de favorecimentos que foi responsável pelo direcionamento de recursos públicos’ às empresas RK Consultoria e Engenharia – EIRELI e à Supera – Assessoria Empresarial, em contratos com a Prefeitura de Aguiarnópolis. Pelos cálculos do Ministério Público, foram desviados, apenas neste caso, mais de R$ 300 mil.
O juiz Francisco Vieira Filho, da 1ª Vara Cível de Tocantinópolis, recebeu a petição inicial do Ministério Público e determinou a intimação de todos os envolvidos para que, se desejassem, apresentassem contestação. O primeiro a ser intimado, por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, foi Francisco das Chagas Miranda, o Kiko Miranda, primo do prefeito Wanderly. Em 22 de janeiro, conforme a tela acima, Kiko respondeu “ciente” (do mandado de intimação de 21 de janeiro) ao oficial de Justiça.
Já o prefeito Wanderly e o município de Aguiarnópolis foram intimados em 23 de janeiro. Wanderly recebe os mandados no WhatsApp e cumprimenta o oficial de Justiça com um “Boa Tarde”. “De acordo com o artigo 12 da Portaria TJTO, 11 de 2021, o senhor e o Município estão sendo citados por este Canal. Obrigado”, escreve o oficial. Paulo Nunes Campelo e a sua empresa, a Supera-Assessoria Empresarial também foram intimados em 23 de janeiro.
A intimação que mais demorou foi a da esposa de Kiko Miranda, Rosângela de Cássia, e ainda a de sua empresa de fachada, a RK Engenharia. As intimações só se consumaram em 31 de janeiro. Na conversa com Rosângela de Cassia, o oficial de Justiça envia os mandados e informa que ela e a empresa estão sendo citados. Mas somente em outro dia, após nova mensagem (áudio) do oficial, é que Rosângela responde com um “Bom Dia”. Depois envia 2 mensagens de áudio das quais não se pode extrair o conteúdo.
No Portal do TJTO, o processo em que o prefeito Wanderly, seu primo Kiko Miranda, a esposa deste, Rosângela de Cassia, e o cupincha Paulo Nunes Campelo são réus acusados de desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito/improbidade administrativa, a última movimentação é uma petição protocolada em 13 de fevereiro. O sistema, no entanto, não disponibiliza publicamente os documentos para se saber quem apresentou contestação às gravíssimas acusações.